domingo, 2 de dezembro de 2012

Heroína desfila sua “moda arte” no PBC

Peças com elaborado processo artesanal carregam as memórias, reflexões e críticas do estilista Alexandre Linhares

 Heroína desfila sua “moda arte” no PBC

“Última Sessão” é o nome da coleção da Heroína, marca do jovem estilista Alexandre Linhares, que se apresentou nesta 7ª edição do Paraná Business Collection. O inverno da Heroína faz das roupas um canal para refletir sobre a efemeridade das tendências, bem como sobre a impermanência de todas as coisas.
A trilha do desfile é um áudio com a voz do próprio estilista, que narra sua trajetória, relata detalhes sobre a temática da coleção, faz referência ao cinema, literatura, música e aproveita para manifestar sua indignação com relação ao processo de degradação cultural.
O estilista mantém uma postura firme de questionamento sobre a maneira como a moda é vista, vai na contramão do mainstream e propõe as suas clientes que “não sigam a moda como uma `manada cega` que busca na roupa a satisfação de um desejo, mas que questione o que estão usando , que queiram saber mais sobre a história e o porquê de cada roupa”. Para Linhares e sua equipe, um desfile é um manifesto artístico completo que, além de uma coleção de inverno ou verão, apresentem uma reflexão sobre os rumos que a humanidade toma.
Para criar sua “Última Sessão” o estilista buscou inspiração nos cinemas de rua, espaços outrora catalisadores da elite pensante e da cena artística local. O olhar do criador se traduz em cores que esmaecem do bordô e dourado aos róseos e beges. A rua e o ambiente urbano são balizados nos tons de pretos, de cinzas, de verdes, de cimento, concreto, de pedras. O veludo desgasta-se. O cetim desfia-se. A seda se une a outros panos menos nobres para formar a estrutura da roupa.
Para traduzir essa inspiração para a coleção de inverno, Alexandre dá continuidade ao elaborado processo artesanal, apresentando peças com drapeados assimétricos, tiras desfiadas, e revelando o lado avesso das roupas – com ausência de acabamento nas barras e com zíperes a mostra. Alexandre foi fiel a essa proposta na concepção das peças femininas, contudo, as peças masculinas pareceram um tanto desconexas ao restante, com looks pouco ousados que seguiam timidamente a linguagem da coleção. Outro adendo vai para os calçados, que não estavam em sintonia com o conceito da coleção. Analisando os looks da “cabeça aos pés” – como sugere a temática desta 7ª edição do PBC – a sensação era de ruptura à proposta da marca.

Para ver a publicação original, origem da foto que ilustra a matéria, inclusive, acesse:

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