Peças com elaborado processo artesanal carregam as memórias, reflexões e críticas do estilista Alexandre Linhares
“Última Sessão” é o nome da coleção da Heroína, marca do jovem
estilista Alexandre Linhares, que se apresentou nesta 7ª edição do
Paraná Business Collection. O inverno da Heroína faz das roupas um canal
para refletir sobre a efemeridade das tendências, bem como sobre a
impermanência de todas as coisas.
A
trilha do desfile é um áudio com a voz do próprio estilista, que narra
sua trajetória, relata detalhes sobre a temática da coleção, faz
referência ao cinema, literatura, música e aproveita para manifestar
sua indignação com relação ao processo de degradação cultural.
O estilista mantém uma postura firme de questionamento sobre a
maneira como a moda é vista, vai na contramão do mainstream e propõe as
suas clientes que “não sigam a moda como uma `manada cega` que busca na
roupa a satisfação de um desejo, mas que questione o que estão usando ,
que queiram saber mais sobre a história e o porquê de cada roupa”. Para
Linhares e sua equipe, um desfile é um manifesto artístico completo que,
além de uma coleção de inverno ou verão, apresentem uma reflexão sobre
os rumos que a humanidade toma.
Para
criar sua “Última Sessão” o estilista buscou inspiração nos cinemas de
rua, espaços outrora catalisadores da elite pensante e da cena artística
local. O olhar do criador se traduz em cores que esmaecem do bordô e
dourado aos róseos e beges. A rua e o ambiente urbano são balizados nos
tons de pretos, de cinzas, de verdes, de cimento, concreto, de pedras. O
veludo desgasta-se. O cetim desfia-se. A seda se une a outros panos
menos nobres para formar a estrutura da roupa.
Para traduzir essa inspiração para a coleção de inverno, Alexandre dá
continuidade ao elaborado processo artesanal, apresentando peças com
drapeados assimétricos, tiras desfiadas, e revelando o lado avesso das
roupas – com ausência de acabamento nas barras e com zíperes a mostra.
Alexandre foi fiel a essa proposta na concepção das peças femininas,
contudo, as peças masculinas pareceram um tanto desconexas ao restante,
com looks pouco ousados que seguiam timidamente a linguagem da coleção.
Outro adendo vai para os calçados, que não estavam em sintonia com o
conceito da coleção. Analisando os looks da “cabeça aos pés” – como
sugere a temática desta 7ª edição do PBC – a sensação era de ruptura à
proposta da marca.
Para ver a publicação original, origem da foto que ilustra a matéria, inclusive, acesse:
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